Quarta-feira, 11.03.09

 

O XVI Congresso do PS acontece em ano crucial e de crise, com três eleições à porta: europeias, autárquicas e legislativas. Está em disputa a eleição de 40 mil cidadãos do vértice europeu até à base da junta de freguesia, passando pela Assembleia da República e pelo Governo.
Estas eleições acontecem num tempo de crise interna (do país), económica, financeira e mesmo social, reflexo sobretudo, da crise mundial.
 
Seria autista o Congresso do PS se debruçasse, como prioridade, sobre os seus problemas internos, as suas alegadas dissidências e as suas conjunturais divergências, quando os problemas externos são bem mais prementes.
Nenhuma estratégia partidária, por muito justo e compreensível que seja, se pode sobrepor à necessidade da resolução dos problemas nacionais.
 
E o PS foi avisado neste capítulo, não caindo na tentação do imediatismo mediático, tão volátil como a espuma.
As divergências, a existirem neste momento no interior do PS, não são estruturais, antes conjunturais; mais de método que de ideologia, na interpretação de medidas avulsas e não no corpo legislador e reformista que tem enformado os últimos quatro anos.
 
É ilusório imaginar o socialismo desfazado do seu tempo, como um corpo estático. Começou com uma grande carga libertária no século XIX entre o proudhonismo e o marxismo, quando os Direitos Humanos ainda não estavam garantidos ( e nesta luta o socialismo foi pioneiro e paladino), a revolução industrial estava em marcha com grandes convulsões no mundo do trabalho, uma das causas dos grandes movimentos migratórios dos países europeus, sobretudo da Inglaterra, fugindo à miséria, rumando em direcção ao Novo Mundo, preferencialmente a América e a Austrália.
 
O ideal socialista, em Portugal, foi sujeito a uma permanente evolução, acompanhando e participando na evolução da sociedade portuguesa.
Os primeiros representantes do socialismo português, Antero de Quental, José Fontana e Azevedo Gneco ( leia-se Nheco, porque o nome é italiano), entre outros, defenderam um socialismo de inspiração marxista e crítico do republicanismo. Já Oliveira Martins defendia um socialismo cesarista.
 
Na sua evolução ao longo de mais de um século, o socialismo manteve contudo a sua matriz: as causas da solidariedade social e uma melhor e mais equânime distribuição da riqueza.
Muitas das lutas que os socialistas travaram já estavam ganhas. Era necessário propor-se a outras, com a Democracia.
 
O que aconteceu com o PS, logo após o 25 de Abril, aconteceu com outros partidos com vocação de poder. No primeiro Congresso do então PPD, em Novembro de 1974, ainda o marxismo era fonte de inspiração, com está publicado nos seus primeiros estatutos.
 
Os tempos mudaram, melhor dito, a sociedade foi mudando, e hoje há nos estatutos de qualquer partido artigos datados que tiveram de ser eliminados.  O primeiro a dar o exemplo foi o PCP quando no Congresso Extraordinário de Outubro de 1974 apagou dos seus estatutos a ditadura do proletariado que, a par do centralismo democrático e da regra de ouro de maioria operária na sua direcção (mesmo que muitos já não fossem operários há mais de 20 anos, mas apenas funcionários do Partido),eram os pilares do pensamento marxista-leninista.
 
Neste momento, como ficou patente no Congresso, o que está em causa na sociedade portuguesa ultrapassa os partidos enquanto órgãos produtores de doutrina e pensamento, mas responsabiliza, sobretudo o PS que está no Poder, pela procura de soluções para uma crise que, tendo algumas componentes internas, é sobretudo refém de uma crise internacional e de uma Europa que se questiona a si mesma, no seu destino e na relação com os outros.
 
É fácil o uso da retórica, como arte de persuasão, mais fácil do que o exercício do poder, como o caminho para uma solução.
É cómoda a divergência que assenta em abstracções não exequíveis com a gravidade dos problemas. A dissolvência é corrosiva, nunca alternativa; não trás nada de positivo em si.
 
E falar e autodenominar-se alguém como referência histórica é adiantar-se à História, não esperar pelo juízo que ela possa fazer e – parece-me – ser mais uma referência umbilical, entre o eu e o mim, do que outra coisa.
 
E como é que a Comunicação Social se comporta?
Hoje, para estar a “l’air du temps”, o mais “politicamente correcto” é atacar Sócrates e o PS. O patrão não se zanga.
 
Mas há causas mais profundas e que já vêm de longe. Na década de 80, concretamente com o aparecimento do Independente  ( o jornal português que mais processo teve no curto passar da sua existência), dirigido por Paulo Portas, o jornalismo alterou-se, movendo-se e sobrevivendo entre a sarjeta política e a sarjeta social.
Com a fusão dos jornais e nascimento das televisões privadas, mas com ligações a outros órgãos de Comunicação Social, seja na imprensa, seja na rádio, pertença de grandes grupos económicos, já não foi possível limpar as estrebarias.
 
Com a generalização do recibo verde e a proliferação de cursos de Comunicação Social ( excedentários em relação às necessidade do mercado) foi criado um batalhão de jornalistas e “jornalistas”, sem direitos, fragilizados, porque a um acto de rebeldia ou consciência cívica mais determinada, respondem cinco ou dez candidatos também de recibo verde e à espera e capazes de fazerem todos os serviços com a orientação editorial que as chefias lhe encomendam.
 
E não estou a condená-los nem sequer a emitir um juízo de valor. Estou apenas a constatar um facto.
Houve recentemente uma greve num grupo de Comunicação Social ( dos maiores, com jornais que se assumem de referência . Nem uma manchete, nem um gesto solidário, porque já não há uma classe de jornalistas, há sim empregados da Comunicação Social.
 
É neste universo de liberdade condicionada, de constrangimento cívico que os jornalistas, melhor dito, os jornais e as televisões que acompanharam o Congresso do PS se situam. O que lhes interessava era o acessório, não o principal. E desconfio que nenhum deles terá lido as moções ao Congresso.
 
E gritaram: não nos deixam andar por onde nós queremos.
Era o que faltava! Já não bastava que seja violada a privacidade pessoal para ser violada a privacidade política. E o que é que eu entendo por privacidade política? Uma reunião de órgãos de um partido, uma reunião do executivo autárquico, uma reunião do conselho de ministros, etc. Para as conclusões existe sempre um porta-voz.
Muito mais haveria a dizer, mas fico-me por aqui. Já me alonguei demais, pelo que peço desculpa.
 
Rogério Rodrigues
 


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Quarta-feira, 04.03.09

 

Excerto de texto de opinião de Baptista-Bastos, no DN de hoje (4 março 2009)
 
O chamado congresso do PS não foi carne, nem peixe, nem arenque vermelho. E José Sócrates age como um sedativo e é presa da sua própria ansiedade. Os habituais comentadores do habitual reagiram como habitualmente: em flagrante delito de incompreensão. Também, pouco havia para compreender: les jeux sont faits e Sócrates preparou a apoteose com a minúcia e a frieza de um jogador de póquer. Mas ele não desconhece que o chinfrim é só fumaça, e que o retumbante resultado de quase cem por cento, nas "directas", não representa nenhuma vantagem definitiva.
 
PARA LER O TEXTO COMPLETO CLIQUE AQUI
 
Começo por referir que aprecio Baptista-Bastos!
 
Refiro ainda, como nota introdutória, que esta minha reacção não se dirige somente a ele, mas a tantos outros que se têm pronunciado a respeito do XVI Congresso Nacional do PS.
 
A respeito do Congresso apraz-me referir o seguinte: O PS é um partido de governo!! Quer se goste ou não tem desenvolvido um trabalho interessante ao longo destes 4 anos de Mandato, naturalmente com medidas consideradas positivas por uns e negativas por outros, que publicamente as defendem ou atacam…isto é a democracia a funcionar.
 
Em termos de reformas não creio que nenhum outro governo tenha tido sequer a audácia de pensar metade das que foram realizadas nesta legislatura.
Não me recordo de um outro governo que tenha tido a coragem de, na mesma legislatura, afrontar tantos “poderes” instituídos/corporativos da sociedade Portuguesa, terminando com muitos dos benefícios que tinham, lembro alguns: Militares, Médicos, Farmacêuticos, Políticos, Professores, funcionários públicos…entre outros.
 
 
Lembro ainda que foi este Governo que lançou as bases para que o Salário Mínimo Nacional seja hoje de 450 euros mensais, é certo que ainda é muito pouco, mas jamais outro Governo ousou aumenta-lo tanto. Foi este governo que estabilizou as contas públicas. Foi este governo que instituiu o ensino obrigatório do Inglês para todos os alunos do ensino básico, que aprovou as actividades de enriquecimento Curricular, que em muito vem beneficiar as famílias.
 
Foi este governo que aumentou o período de maternidade/parentalidade.
 
Foi este governo que aprovou a instituição do complemento solidário para idosos.
 
Foi este governo que criou o progrma e@escola e e@escolinha, que criou o passe estudante 4.18, que aumentou o abono de família e pré-natal, que criou mais um escalão no IRS (42%), que criou a nova lei da nacionalidade…
 
Foi o PS e o seu Governo que colocou Portugal na 1ª linha do combate às alterações climáticas, apostando como nunca nas energias renováveis…foi o PS e o seu governo que encerrou os projectos da CRIL e do novo Aeroporto, dossiers estes com décadas…. E será este governo que cumprirá um acordo firmado pelo governo do PSD para a ligação de Portugal à Europa por TGV….Enfim, muito mais haveria a dizer.
 
Retomo agora o congresso e repito a 1º afirmação - O PS é um partido de governo!!
 
Sendo um partido de governo e realizando Congressos de 2 em 2 anos não é natural desconcentrar as discussões internas dos períodos eleitorais???? Daqui a 2 anos, no próximo congresso, a meio da legislatura é que é tempo de definição e discussão interna profunda… penso que todos compreendem o que digo e, se não compreendem ou fingem não perceber, então a sua/vossa estratégia política não me parece a mais correcta.
 
Quer se goste ou não, José Sócrates é quem está em melhor posição para ser governo e 1º ministro de Portugal, então seria normal realizar um congresso, em vésperas de 3 actos eleitorais, para questionar o líder, enquanto líder, fragilizando-o???? Claro que não!!! Este tempo chegará no próximo congresso.
 
Seria normal, politicamente correcto e estratégico desviar este congresso para questões de disputa interna???? Também por isto é que Manuel Alegre e Cravinho não foram ao congresso, eles sabem que não é o tempo de guerra interna aberta à sucessão, louve-se esta atitude de ambos!
 
Mas, a opinião pública ou publicada tinha sempre de dizer alguma coisa, de criticar, de denegrir, de retirar importância ao congresso quer ele fosse dirigido para fora ou para dentro do Partido…. Já estou a imaginar essa panóplia de comentadores a referir coisas do género….  - “é incrível que, num ano repleto de eleições, o congresso do PS seja marcado pela discussão de questões internas e não de Propostas para o próximo governo de Portugal”…
 
Como assim não foi, dizem agora, que pena por não ter existido discussão interna, que ninguém afrontou José Sócrates…..
 
Para mim a política faz-se no local certo e, principalmente, no tempo certo!!!
 
Para terminar apetece-me dizer … “presos por ter cão e presos por não ter cão”…
 
RFaria


publicado por r às 12:43 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 27.02.09

 

Começa hoje, em Espinho, o XVI Congresso Nacional do PS.
 
Num ano repleto de actos eleitorais (Eleições Europeias, Legislativas e Autárquicas) a realização deste congresso assume grande relevância política, tanto do ponto de vista interno do Partido Socialista como, principalmente, do ponto de vista externo ao Partido.
 
Os Portugueses, mais que os militantes do Partido, estarão atentos ao seu desenrolar.
 
Para além da renovação e definição interna dos futuros órgãos nacionais do PS, este congresso deve ser aproveitado para mobilizar e congregar todos os militantes socialistas em redor de um programa do PS para Portugal e servir de alavanca, de primeiro grande impulso para os importantes actos eleitorais que se avizinham.
 
Mais do que discutir Estatutos ou questões internas, mais que discutir já, neste momento e em directo nas televisões quem serão os candidatos a quê, este congresso tem de discutir acções, projectos, ideias e um programa que sirva Portugal e os Portugueses.
 
Este Congresso, tem de ser virado para o exterior do partido, têm de ser dadas mensagens claras e sérias aos Portugueses sobre o que o PS ainda pode dar de bom ao País.
 
Este congresso é marcado por algum desgaste governativo do PS, envolto ainda pela crise financeira e económica e pelo facto de existirem em 2009, 3 importantes actos eleitorais, por tudo isto este congresso é, sem sombra de dúvidas, um dos mais importantes congressos da história do PS e não pode ser desaproveitado. Espero, por isso, que todos estejam à altura do desafio e saibam, todos, unir-se em torno de um projecto para Portugal e de um líder para os Portugueses.
 
 RFaria
 
PROGRAMA OFICIAL DO XVI CONGRESSO NACIONAL
27 DE FEVEREIRO (sexta-feira)
16h30m    Início da credenciação de Delegados e das votações para:
    - Presidente do Partido
    - Comissão de Verificação de Poderes
    - Mesa do Congresso
    - Comissão de Honra do Congresso
19h00m    Encerramento das votações
19h30m    Sessão de Abertura do Congresso
28 DE FEVEREIRO (sábado)
10h00m    Apresentação e discussão das Moções
13h00m    Interrupção dos trabalhos
15h00m    Continuação da discussão das Moções
20h00m    Votação das Moções
21h00m    Interrupção dos trabalhos para jantar
22h00m    Reinício dos trabalhos
24h00m    Interrupção dos trabalhos
1 DE MARÇO (domingo)
09h30m    Apresentação das listas de candidatos aos órgãos nacionais
09h45m    Início das votações para a eleição dos órgãos nacionais
12h00m    Fim de período de votação para a eleição dos órgãos nacionais
12h15m    Proclamação dos resultados
12h30m    Sessão de Encerramento do Congresso


publicado por r às 11:24 | link do post | comentar

Quinta-feira, 12.02.09

 

O Governo aprovou hoje o aumento da licença parental para seis meses, subsidiando com 83 por cento do salário bruto, mas que atingirá 100 cento se a licença for de cinco meses partilhada por pai e mãe.
 
Em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, o titular das pastas do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, frisou que o novo regime de protecção social na parentalidade "cumpre o estabelecido no acordo tripartido em sede de concertação social.

"Procede-se ao aumento do período de licença parental para seis meses subsidiados a 83 por cento ou cinco meses a 100 por cento na situação de partilha da licença entre mãe e pai, em que este goze um período de 30 dias ou dois períodos de 15 dias em exclusividade", lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.

Actualmente, o subsídio por maternidade, paternidade e adopção apenas prevê o pagamento de 120 dias (4 meses) a 100 por cento ou 150 dias (5 meses) a 80 por cento.
 
Aqui está uma boa notícia e importante do ponto de vista social… já era tempo de ser implementada e Portugal ir acompanhando os restantes parceiros Europeus, nesta temática.
 
Endereço daqui os meus parabéns ao Governo por esta medida.
 
 
RFaria
Fonte: Fait-Divers


publicado por r às 16:14 | link do post | comentar

Terça-feira, 10.02.09

 

 
Ora aqui está uma medida que, em tese, concordo em absoluto.
 
É um facto que a classe média, enquanto motor da sociedade, necessita de medidas que aumentem/incrementem o seu poder de compra, principalmente num cenário de dificuldades económicas como a que se vive hoje.
 
Aguardemos serenamente a implementação/regulamentação da medida, para se perceberem melhor os seus contornos e qual a eficácia prática que terá.
 
Como diria o líder do Bloco de Esquerda – esta é uma medida do tipo Robin dos Bosques…
 
Quanto à posição de Ferreira Leite a respeito desta matéria, só me apraz comentar o facto da grande preocupação dela e do PSD, em saber a que categoria de ricos é que a medida irá afectar????
 

RFaria


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publicado por r às 11:39 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 22.01.09

 

A eurodeputada Elisa Ferreira desafiou esta quarta-feira o PSD a definir a sua posição quanto à regionalização, considerando que será praticamente impossível criar as regiões em Portugal sem um consenso entre aquele partido e o PS para alterar a Constituição.
 
Em declarações à Lusa, Elisa Ferreira, que sexta-feira é votada como candidata do PS à Câmara do Porto, recordou que a interpretação mais aceite do texto da Constituição é a de que ele exige que, para que a regionalização seja possível, a votação do «sim» no referendo terá de ser de 50 por cento dos portugueses com direito a voto mais um.
 
Regionalização, o que dizem os especialistas…
 

Escrevo eu: Pois muito bem… Para alterar a Constituição é necessário acordo com o PSD, se a temática for referendada é necessário o acordo, o envolvimento e o apoio do PSD, sob pena de o Referendo não ser eficaz… Manuela Ferreira Leite é contra a Regionalização, ou era, já não sei…Só espero que ela não defenda, como fez a respeito do TGV, que se suspenda a Regionalização…
 

Dossier difícil este da Regionalização… seja como for eu concordo e defendo a regionalização…
RFaria


publicado por r às 15:16 | link do post | comentar

Quarta-feira, 21.01.09

 

Em tempos difíceis, medidas especiais… o Subsídio de desemprego, para os desempregados que atinjam, este ano, o limite dos 12 meses de subsídio social de desemprego passa de 12 para 18 meses, significando um apoio suplementar de 6 meses, de acordo com um decreto-lei aprovado hoje em Reunião de Conselho de Ministros.
 
O custo desta medida é estimado em 53 milhões de euros e já esta previsto no Orçamento Suplementar, anunciou Vieira da Silva, Ministro do Trabalho e Solidariedade Social…
 
O Governo pretende garantir "o reforço da garantia de acesso aos direitos de protecção social dos cidadãos atenta a actual conjuntura económica e social", refere o comunicado do Conselho de Ministros.
 
É de aplaudir mais esta medida do Governo!!!
 
Mesmo que venha agora a oposição argumentar que a ideia não foi do Partido Socialista ou do Governo, importa referir que só fica bem a quem governa aproveitar as boas ideias da oposição...
 
RFaria

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publicado por r às 17:59 | link do post | comentar | ver comentários (2)

 

“Portugal encontra-se na primeira linha do combate às alterações climáticas a nível europeu”
   
O mundo tomou consciência de que a alteração do clima não é apenas um problema ambiental.
 
Actualmente é muito mais um problema de politica externa de cada país da União Europeia no seu relacionamento com os outros países terceiros.
 
O debate científico acerca das alterações climáticas está praticamente terminado e, hoje, ninguém põe em causa que a actividade humana, o nosso modo de vida, está contribuindo para isso. A alteração do clima é uma realidade e os seus efeitos estão a sentir-se por todo o planeta.
 
Nesta questão, o mundo começa a ter consciência de que não pode haver distinção entre o global e o local, porque no que respeita às consequências do nosso modo de vida, neste particular, o global é o local sem muros e sem fronteiras.
 
Na sequência do estabelecido no Protocolo de Quioto sobre alterações Climáticas de 1992 realizou-se em Poznan, na Polónia, em Dezembro de 2008, a 14ª Conferência das Partes sobre alterações climáticas.
 
A Conferência das Partes é o órgão máximo da convenção a quem compete zelar pelo cumprimento do disposto nessa convenção internacional e vigiar pela correcta aplicação de todos os instrumentos jurídicos que a integram e que foram adoptados pelos Estados que outorgaram essa convenção.
 
A convenção reúne-se anualmente e, neste Dezembro de 2008, em Poznan, participaram mais de 180 Estados-membros.
 
Foi uma reunião intermédia entre a conferência de Bali, em Dezembro de 2007, na qual se estabeleceu o chamado “mapa de Bali” – “Bali roadmap”, que configura num conjunto de decisões relativas a acções a desenvolver tendo em vista a promoção de um futuro climático seguro e a conferência de Copenhaga, em Dezembro de 2009.
 
A reunião de Bali foi determinante não só por se ter fixado o chamado “Bali roadmap”, mas também porquanto ele é acompanhado pelo relatório do grupo de trabalho adhoc sobre novos compromissos das Partes do Anexo I do Protocolo de Quioto “(AWG-KP)”.
Convém referir que o Protocolo de Quioto de 1997 prevê objectivos obrigatórios de redução de emissão de gases com efeito de estufa para os países industrializados e ele é um instrumento jurídico de aplicação concreta do objectivo mais lato referido na Convenção Quioto, ou seja, a estabilização das emissões dos gases com efeito estufa na atmosfera a um nível que junta prevenir interferências humanas danosas com o sistema climático, em execução do previsto nos antigos ‘4(2) e 4(2)(b) da Convenção e de harmonia com o estabelecido no “Mandato de Berlim”.
 
Convém referir que os objectivos que vinculam as partes no Protocolo de Quioto são enunciados no Anexo B do mesmo sob a forma de uma quota percentual e prevêem uma redução média das emissões de gases com efeitos de estufa para os países do Anexo I, do 5% relativamente aos níveis de 1990, a alcançar por cada país dentro do primeiro período de referência que decorre entre 2008 e 2012.
 
Os objectivos de redução das emissões são de aplicação obrigatória para todos os países referidos no Anexo I do Protocolo de Quioto, porém são diferentes de país para país, com base numa tabela contida no anexo B do referido protocolo.
 
A título de exemplo refira-se que nessa tabela constam os países da União Europeia com um objectivo global de redução de emissões de 8%.
 
Porém, esse objectivo global é depois, obviamente, repartido em obrigações diferenciadas de cada um dos países com base num acordo posterior entre os países da União de partilha de responsabilidades, concluindo entre os diversos países da União Europeia, em 1998, em conformidade com o previsto no artigo 4 (1) do Protocolo de Quioto.
Artigo esse que autoriza os Estados-membros a prosseguirem em conjunto os objectivos a que estão obrigados de redução das emissões estabelecidas no Anexo B do Protocolo, em cumprimento do mecanismo da Bolha Europeia.
 
Este mecanismo de partilha de responsabilidades permite obter uma mais fácil e justa repartição do objectivo global entre todos os estados da União Europeia, considerados os diversos níveis de desenvolvimento de cada um deles.
 
Portugal está assim vinculado a cumprir a sua quota parte dos objectivos globais europeus, o que tem vindo a fazer, demonstrando que se encontra na primeira linha do combate às alterações climáticas a nível europeu.
 
Na cimeira de Poznan na qual se procedeu à operacionalização em definitivo do Fundo de Adaptação às Alterações Climáticas e se aprovou a Estratégia para a Transferência de Tecnologia foi uma cimeira interlocutória entre Bali e Copenhaga na qual se definirão as metas de redução de emissão para o período pós-2012 e na qual se espera que os EUA, tenham um papel determinante na estabilização do novo tratado internacional que irá condicionar toda a humanidade.
 
A Europa com a aprovação do pacote energia clima deu um exemplo e tem de se continuar a afirmar como o motor de todo este processo de modo que as metas que pretendemos alcançar em 2020 não fiquem frustradas. Para tal em Portugal temos de continuar a apostar nas energias renováveis, no aumento da eficiência energética e na redução das emissões totais de gases com efeito de estufa.
 
Porém, os esforços dos países europeus têm de ser acompanhados por esforços significativos dos países em vias de desenvolvimento para que também eles possam crescer substancialmente com uma economia baseada no baixo carbono.
 
A grande esperança é a de que, durante o ano de 2009, a Europa e os EUA harmonizem políticas globais que lhes permita chegar a Copenhaga, em Dezembro, com posições suficientemente próximas para que, no dia 1 de Janeiro de 2013, o mundo possa ter ao seu dispor um Tratado Internacional sobre Alterações Climáticas que nos permita continuar a viver de modo sustentável, contribuindo, com a nossa conduta colectiva, para que os nossos filhos e netos possam desfrutar de um planeta com um clima estável no qual possam aplicar a sua sabedoria para o manter como o centro da sua existência colectiva.
Ramos Preto
Deputado do PS
In Acção Socialista de Janeiro de 2009

 


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ESTATUTO EDITORIAL
O BLOGUE “O MELHOR DA AMADORA SÃO SEMPRE AS PESSOAS” PRETENDE SER UM ESPAÇO DE LIVRE OPINIÃO, CRITICO, DE PENSAMENTO E DE DIVULGAÇÃO, NORTEANDO-SE PELO SOCIALISMO DEMOCRÁTICO, CIMENTO IDENTITÁRIO DO PARTIDO SOCIALISTA. O SEU CORPO REDACTORIAL INTEGRA MILITANTES DO PARTIDO SOCIALISTA DA AMADORA E MEMBROS DA SUA COMISSÃO POLÍTICA CONCELHIA. PRETENDEMOS DIVULGAR PENSAMENTO, CRITICA, REFLEXÃO, INFORMAÇÃO, OPINIÃO SOBRE TEMAS INTERNACIONAIS, NACIONAIS, REGIONAIS E LOCAIS. CONVIDAREMOS, SEMPRE QUE O ACHARMOS OPORTUNO E AJUSTADO, MILITANTES, OU NÃO, QUE POSSAM CONTRIBUIR PARA O DEBATE QUE ESTIVERMOS A TRAVAR. OS TEXTOS SERÃO, SEMPRE, ASSINADOS PELOS SEUS AUTORES. OS COMENTÁRIOS SERÃO POSSÍVEIS, E BEM VINDOS, MAS OBEDECERÃO A ALGUNS CRITÉRIOS: 1- OS AUTORES DOS COMENTÁRIOS NUNCA PODERÃO SER ANÓNIMOS; 2- NOS SEUS COMENTÁRIOS NÃO PODERÃO NUNCA UTILIZAR LINGUAGEM OBSCENA, OFENSIVA OU INSULTUOSA; 3- O CONTRADITÓRIO É ACEITÁVEL E DESEJÁVEL; 4- OS COMENTADORES NÃO PODERÃO, INSISTENTEMENTE, REPETIR ARGUMENTOS, OPINIÕES E CRITICAS; 5- OS RESPONSÁVEIS DO BLOGUE COLOCARÃO, SEMPRE, EM ESPERA OS COMENTÁRIOS AOS POSTES, PARA UMA “LEITURA” PRÉVIA, ANTES DE SEREM COLOCADOS ON-LINE; 6- SÓ SERÃO CONSIDERADOS OS COMENTÁRIOS QUE, DIRECTAMENTE, ESTIVEREM RELACIONADOS COM O POSTE PUBLICADO. SEMPRE QUE ALGUM COMENTÁRIO SEJA OBJECTO DE RESPOSTA, SÊ-LO-Á FEITO PELO AUTOR DO POSTE VISADO, SALVO SE A REDACÇÃO DO BLOGUE ENTENDER DE MODO DIVERSO. A REDACÇÃO DO BLOGUE “O MELHOR DA AMADORA SÃO SEMPRE AS PESSOAS”
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